A dosagem de glicose no sangue, chamada glicemia (aleatória ou de jejum) é o exame mais comum. Segundo recente sugestão da Associação Americana de Diabetes, o resultado é normal quando a taxa de glicose apresenta-se até 99 mg/dL, na dosagem feita em jejum. De 100 a 125 mg/dL, a pessoa é portadora de glicemia de jejum inapropriada (pré-diabetes), sendo então necessária a realização do teste oral de tolerância à glicose. Acima de 125 mg/dL, desde que o valor seja encontrado em pelo menos dois exames, fica confirmado o quadro de diabetes mellitus. Uma glicemia superior a 200 mg/dL, colhida a qualquer hora do dia, desde que na presença de sintomas de diabetes, também é suficiente para o diagnóstico de diabetes mellitus.
Informação sobre diabetes, causas, sintomas e tratamento do diabetes, identificando o diagnóstico do diabetes mellitus tipo 1, tipo 2 e gestacional, e fornecendo dicas de alimentação e atividade física adequada para prevenir o diabetes.
quinta-feira, 11 de outubro de 2012
sexta-feira, 15 de junho de 2012
Dieta Alimentar para o Diabético
A dieta é fundamental para o controlo da diabetes. As refeições devem ser feitas a horas regulares e bem distribuídas. O ideal será fazer 3 refeições principais, pequeno-almoço, almoço e jantar e comer 3 vezes ao dia e fazer uma pequena ceia antes de deitar, qualquer coisa leve, como uma bolacha ou uma fatia de pão com queijo. Deve beber também muitos líquidos, 2 litros por dia (12 copos).
A dieta recomendada para pessoas com diabetes mellitus deve ser rica em fibras alimentares, especialmente fibras solúveis, e com pouco açúcar e gordura (especialmente gordura saturada).
O diabético deve ser encorajado a diminuir a ingestão de hidratos de carbono com alto índice glicémico.
Porém, em casos de hipoglicemia, o diabético deverá ser orientado no sentido de ingerir alimentos ou bebidas que possam elevar rapidamente a glicose no sangue, seguidos de hidratos de carbono de cadeia longa (como pão de centeio) para prevenir o risco de hipoglicemia posterior.
Dieta Recomendada
- Ingerir alimentos ricos em fibras: ajudam a controlar o nível do açúcar no sangue, a baixar o colesterol e a prevenir a aterosclerose. Exemplos destes são: fruta e vegetais frescos; pão e cereais integrais; leguminosas (feijão e ervilhas);
- Eliminar a gordura da sua dieta: evitar utilizar manteiga, margarina, óleos e molhos de salada durante a preparação das suas refeições;
- Evitar alimentos com gordura: leite integral, queijo, natas e carne com gordura - separar a gordura da carne e retirar a pele da galinha antes de cozinhar ou comer. Preferir o leite meio-gordo ou magro;
- Eliminar todos os alimentos ricos em açúcar da sua dieta: chocolates, rebuçados, bolos, croissants, compotas, mel, cereais, doces, bebidas açucaradas, etc.;
- Diminuir a ingestão de frutas doces, como por exemplo: maça doce, pêra, banana, manga, abacaxi, ameixas, cerejas, uvas, figo, passas;
- Dar preferência ao peixe, carnes brancas (por exemplo: frango) e à carne magra de boi;
- Eliminar o sal da preparação dos alimentos substituindo-o por temperos naturais, como por exemplo alho, cebola, pimenta e ervas;
- Diminuir o consumo de alimentos salgados: batatas fritas, enchidos e fumados;
- Procurar substituir o pão de trigo por pão integral ou as bolachas doces por bolachas com sal;
- Dar preferência a alimentos grelhados, assados, refogados ou ensopados, sempre com pouco ou nenhum óleo, e evitando ao máximo as frituras;
- Diminuir ou, de preferência, eliminar o consumo de bebidas alcoólicas.
Diabetes e atividade física
A prática regular de atividade física é indicada a todos os pacientes com diabetes, pois, melhora o controle metabólico, reduz a necessidade de hipoglicemiantes, ajuda a promover o emagrecimento nos pacientes obesos, diminui os riscos de doença cardiovascular e melhora a qualidade de vida. Assim, a promoção da atividade física é considerada prioritária.
As orientações de exercícios seguem as recomendações para adultos saudáveis observando, no entanto, algumas especificidades:
- O exercício deve ser iniciado de forma gradual, como caminhadas por 5 a 10 min em terreno plano, aumentando semanalmente até alcançar 30 a 60 min diários, 5 a 7 dias por semana. Nesse processo, qualquer aumento de atividade física deve ser valorizado como um ganho de saúde e não como uma meta final não alcançada.
- Os calçados devem ser confortáveis, evitando bolhas e calosidades.
- A intensidade de atividade física deve ser aumentada progressivamente, tendo como objetivo atingir intensidade moderada (60 e 80% da freqüência cardíaca máxima). Na prática, a mudança progressiva da intensidade pode ser orientada pelo teste da fala da seguinte maneira: a intensidade é leve quando ainda é possível cantar, moderada quando ainda é possível conversar confortavelmente, e intensa quando a pessoa fica ofegante, limitando a conversação.
- Indivíduos com perda significativa de sensibilidade nos pés devem evitar caminhar em esteiras ou ao ar livre, correr, etc. Nesses casos, os exercícios mais recomendados são natação, ciclismo, remo e exercícios realizados na posição sentada. Casos com retinopatia proliferativa não tratada ou tratada recentemente devem evitar exercícios que aumentam a pressão intra-abdominal, que têm efeito semelhante à manobra de Valsalva, que englobam movimentos rápidos da cabeça ou que envolvem risco de traumatismo ocular.
- Antes de iniciar um exercício vigoroso, é necessário afastar complicações como retinopatia proliferativa, neuropatia autonômica e doença cardíaca importante. Indivíduos com risco cardiovascular >10% em 10 anos ou com sintomas de neuropatia autonômica que desejam praticar exercício vigoroso, se eram anteriormente sedentários, devem ser encaminhados ao cardiologista para orientação.
- As atividades ao gosto do paciente, como caminhar e dançar, devem ser incentivadas, especialmente quando programas estruturados não estão disponíveis.
Um programa estruturado de atividade física em pacientes com diabetes deve partir de uma prescrição individualizada de exercícios, de preferência acompanhada de demonstrações práticas, em sessões formais (recomenda-se pelo menos duas) de condicionamento físico, nas quais sejam contempladas todas as etapas que compõem uma sessão padrão de exercício, incluindo aquecimento, parte principal e desaquecimento/relaxamento (volta à calma). Na ausência de contra-indicações, deve ser encorajada também a prática de exercício de resistência 3 vezes por semana, nos principais grupos musculares.
As seguintes informações são importantes para pacientes com diabetes menos estável, especialmente casos de diabetes tipo 1:
- Evitar aplicar insulina em local que será muito exercitado (p.ex., quando faz trabalho de fortalecimento de quadríceps, caminhada e corrida evitar aplicação na perna, fazendo-a no abdômen), pois pode afetar sua velocidade de absorção.
- Se possível, realizar controle metabólico (glicemia capilar) antes da atividade. Postergar o início do exercício com glicemia > 250 mg/dL no tipo 1.
- Ingerir um alimento contendo carboidrato se a glicemia for inferior a 100 mg/dL.
- Ingerir carboidratos de fácil digestão antes, durante e depois de exercício prolongado.
- Diminuir a dose de insulina ou aumentar a ingesta de carboidrato (para cada 30 minutos de exercício, 10 a 15g) quando for praticar exercício.
- Evitar exercitar-se no pico de ação da insulina.
- Evitar exercícios de intensidade elevada e de longa duração (mais que 60 minutos).
- Carregar consigo um alimento contendo carboidrato para ser usado em eventual hipoglicemia.
- Estar alerta para sintomas de hipoglicemia durante e após o exercício.
Tratamento medicamentoso do diabetes mellitus
Quando os pacientes com hiperglicemia não respondem ou deixam de responder adequadamente às medidas não medicamentosas, devem ser inseridos um ou mais agentes antidiabéticos, com a finalidade de controlar a glicemia e promover a queda da hemoglobina glicada.
Estudos epidemiológicos sustentam a hipótese de uma relação direta e independente entre os níveis sanguíneos de glicose e a doença cardiovascular. A ausência de um limiar glicêmico em diabéticos e a persistência desta relação em não-diabéticos sugerem que a glicemia é uma variável contínua de risco, da mesma forma que outros fatores de risco cardiovascular. Sendo assim, o tratamento deve objetivar a normoglicemia e a sua manutenção em longo prazo. É importante ressaltar que não se tem um estudo comprobatório sobre a redução da mortalidade na síndrome metabólica, com a utilização dos agentes antidiabéticos existentes. Estes medicamentos estão indicados no tratamento da hiperglicemia quando os valores encontrados no jejum e/ou pós-sobrecarga estiverem acima dos requeridos para o diagnóstico do diabetes mellitus.
A escolha do medicamento vai depender dos valores das glicemias no jejum e pós-prandial, da hemoglobina glicada, do peso, da idade, de complicações e doenças associadas. Ainda, as possíveis interações com outros medicamentos, reações adversas e as contra-indicações deverão ser analisadas. Com glicemia inferior a 150mg/dL, estão indicados os medicamentos que não promovam aumento na secreção de insulina, principalmente se o paciente for obeso.
Quando a glicemia de jejum for superior a 150mg/dL, mas inferior a 270mg/dL, a indicação da monoterapia antidiabética oral dependerá do predomínio entre insulino-resistência ou insulino-deficiência.
Na maioria das vezes, é verificado no início clínico do diabetes, a presença de obesidade, hipertrigliceridemia, HDL colesterol baixo, hipertensão arterial, entre outros estigmas observados na síndrome metabólica. Eles indicam a presença de resistência à insulina e, neste caso, são mais apropriadas as drogas anti-hiperglicemiantes, que irão melhorar a atuação da insulina endógena, com melhor controle metabólico, evitando ganho ponderal excessivo.
Já a associação perda de peso e hiperglicemia, revela a deficiência de insulina. Nesta circunstância, os medicamentos secretagogos devem ser os mais indicados (sulfoniluréias ou glinidas).
Para aqueles pacientes com glicose de jejum normal ou próximo do normal, mas com hemoglobina glicada acima do normal, está indicado o uso de drogas que atuem mais na glicemia pós-prandial (acarbose ou glinidas).
Com os anos de doença, ocorre redução na capacidade secretória de insulina pela célula beta e a monoterapia pode falhar na manutenção do bom controle metabólico.
Assim há necessidade de combinar medicamentos orais com mecanismos de ação diferentes e, algumas vezes, há que acrescentar uma terceira droga oral. Neste momento, é importante a análise do custo-benefício do tratamento, já que a introdução de insulina pode ser também eficaz, e com menor custo. Na combinação terapêutica é importante conhecer o poder redutor glicêmico adicional da segunda ou terceira droga oral utilizadas.
Por outro lado, o paciente pode comparecer na primeira consulta, no princípio do diabetes, quando predomina a insulino-resistência ou então com muitos anos de evolução da enfermidade onde a principal característica é a insulinopenia. A melhor terapia vai depender muito da capacidade secretória do seu pâncreas. Na fase 1, período inicial do Diabetes mellitus tipo 2 caracterizado por obesidade com insulino-resistência, a melhor indicação são os medicamentos que não aumentam a secreção de insulina.
Na fase 2, com diminuição de secreção de insulina, é correta a indicação de um secretagogo, que pode entrar ou em combinação ou em monoterapia. Na fase 3, com a progressão da perda de secreção da insulina, é necessário associar aos agentes orais, uma injeção de insulina de depósito, antes de o paciente dormir. Por fim, na fase 4, quando predomina a insulinopenia, o paciente deve receber pelo menos duas aplicações de insulina de depósito, NPH ou lenta, uma antes do desjejum e a outra antes do jantar ou ao dormir, isoladas ou combinadas com uma insulina rápida ou ultra-rápida. Nesta fase 4, um agente oral sensibilizador combinado no tratamento pode reduzir as doses de insulina e auxiliar na melhora do controle metabólico.
Combinação terapêutica
Combinando dois ou mais agentes antidiabéticos orais com mecanismos de ação diferentes obtém-se uma queda adicional na glicemia, com melhora do controle metabólico. Vários esquemas de combinações podem ser propostos.
Quando a combinação terapêutica com medicamentos orais falha na obtenção do bom controle, está indicada a introdução de insulina de depósito (NPH ou Glargina) antes de o paciente dormir, ainda em combinação com medicamentos orais. A dose de insulina noturna deve ser ajustada de acordo com a glicemia de jejum, que deverá ser mantida entre 100mg/dL-120mg/dL. Esta medida promove melhora no controle glicêmico com menor ganho ponderal. Estudo comparativo de combinação entre insulina e antidiabéticos orais demonstrou que a associação de insulina noturna e metformina diurna causou o menor ganho ponderal e produziu o melhor controle metabólico com menor incidência de hipoglicemia.
Sintomas do diabetes mellitus tipo 2
Os primeiros sintomas do diabetes estão relacionados aos efeitos diretos da concentração sérica alta de glicose. Quando esta é superior a 160 a 180 mg/dl, a glicose passa para a urina. Quando a concentração aumenta ainda mais, os rins excretam uma maior quantidade de água para diluir a grande quantidade de glicose perdida.
Como os rins produzem um excesso de urina, o indivíduo com diabetes elimina grandes volumes de urina (poliúria), o que acarreta uma sede anormal (polidipsia). Como ocorre uma perda excessiva de calorias pela urina, o indivíduo perde peso. Para compensar o individuo frequentemente sente uma fome excessiva (polifagia). Outros sintomas incluem a visão borrada, a sonolência, a náusea e a diminuição da resistência durante o exercício.
Os indivíduos com diabetes tipo 2 podem permanecer assintomáticos durante anos ou décadas. Quando a deficiência de insulina progride, os sintomas podem ocorrer. No início, os aumentos da micção e da sede são discretos e pioram gradualmente ao longo de semanas ou meses.
Causas do diabetes mellitus tipo 2
No diabetes tipo 2 (diabetes não insulino-dependente), o pâncreas continua a produzir insulina, algumas vezes em níveis mais elevados do que o normal. No entanto, o organismo desenvolve uma resistência aos seus efeitos e o resultado é um déficit relativo à insulina.
O diabetes tipo 2 pode ocorrer em crianças e adolescentes, mas, normalmente, ele inicia após os 30 anos e torna-se progressivamente mais comum com o avançar da idade. Aproximadamente 15% dos indivíduos com mais de 70 anos de idade apresentam o diabetes tipo 2. A obesidade é um fator de risco do diabetes tipo 2; 80 a 90% dos indivíduos que o apresentam são obesos.
Determinados grupos raciais e culturais apresentam um maior risco: os da raça negra e os hispânicos apresentam um risco duas a três vezes maiores de apresentar o diabetes tipo 2. Eles também tendem a ocorrer em família. Outras causas menos comuns de diabetes são a concentração anormalmente alta de corticosteróides, a gravidez (diabetes gestacional), medicamentos e venenos que interferem na produção ou nos efeitos da insulina, acarretando uma concentração sérica alta de glicose.
Diabetes mellitus tipo 2
O diabetes mellitus tipo 2 é a forma presente em 90%-95% dos casos e caracteriza-se por defeitos na ação e na secreção da insulina. Em geral ambos os defeitos estão presentes quando a hiperglicemia se manifesta, porém pode haver predomínio de um deles. A maioria dos pacientes com essa forma de diabetes mellitus apresenta sobrepeso ou obesidade, e cetoacidose raramente desenvolve-se espontaneamente, ocorrendo apenas quando associada a outras condições como infecções. O diabetes mellitus tipo 2 pode ocorrer em qualquer idade, mas é geralmente diagnosticado após os 40 anos. Os pacientes não são dependentes de insulina exógena para sobrevivência, porém podem necessitar de tratamento com insulina para a obtenção de um controle metabólico adequado.
O diabetes tipo 2 é causado pela resistência à insulina e obesidade.
O pâncreas secreta insulina normalmente, mas sobram insulina e glicose no sangue e células com pouca glicose. O pâncreas libera muita insulina levando as células ß a se deteriorarem. Células ß destruídas não têm produção de insulina e o indivíduo passa a ter a necessidade de tomar insulina e medicamentos para aumentar a sensibilidade à insulina.
O diabetes mellitus tipo 2 é uma síndrome heterogênea que resulta de defeitos na secreção e na ação da insulina, sendo que a patogênese de ambos os mecanismos está relacionada a fatores genéticos e ambientais. Sua incidência e prevalência vêm aumentando em varias populações, tornando-se uma das doenças mais prevalentes no mundo.
O diabetes tipo 2 é causado pela redução da sensibilidade dos tecidos-alvo ao efeito da insulina. Essa sensibilidade diminuída à insulina é frequentemente descrita como resistência à insulina. Para superar a resistência à insulina e evitar o acúmulo de glicose no sangue, deve haver um aumento na quantidade de insulina secretada.
Embora não se saiba o que causa o diabetes tipo 2, sabe-se que neste caso o fator hereditário tem uma importância bem maior do que no diabetes tipo 1. Também existe uma conexão entre a obesidade e o diabetes tipo 2, embora a obesidade não leve necessariamente ao diabetes.
Causas do Diabetes mellitus tipo 1
O diabetes ocorre quando o organismo não produz insulina em quantidade suficiente para manter a concentração sérica de insulina normal ou quando as células não respondem adequadamente à insulina. Os indivíduos com diabetes melitus tipo 1 (diabetes insulino-dependente) produzem pouca ou nenhuma insulina.
Os cientistas acreditam que um fator ambiental (possivelmente uma infecção viral ou um fator nutricional na infância ou no início da vida adulta) faz com que o sistema imune destrua as células produtoras de insulina no pâncreas. Para que isto ocorra, é muito provável que seja necessária alguma predisposição genética. Qualquer que seja a causa, no diabetes tipo 1 mais de 90% das células produtoras de insulina (células beta) do pâncreas são destruídas de modo permanente.
Diabetes mellitus tipo 1
O diabetes mellitus tipo 1, forma presente em 5%-10% dos casos, é o resultado de uma destruição das células beta pancreáticas com conseqüente deficiência de insulina.
Na maioria dos casos essa destruição das células beta é mediada por auto-imunidade, porém existem casos em que não há evidências de processo auto-imune, sendo, portanto, referida como forma idiopática do diabetes mellitus tipo 1.
O diabetes mellitus tipo 1 é o tipo mais agressivo, causa emagrecimento rápido. Ocorre na infância e adolescência. Causa destruição auto-imune das células ß das Ilhotas de Langerhans.
Auto-anticorpos contras as células ß contra insulina, contra os tecidos glutâmico descarboxilase, contra tirosina fosfatase. O individuo não tem produção de insulina, a glicose não entra nas células e o nível de glicose no sangue fica aumentado.
O diabetes tipo 1 surge em geral até os 30 anos, atingindo preferencialmente crianças e adolescentes, podendo, entretanto afetar pessoas de qualquer idade.
Caracteriza-se por deficiência absoluta de produção de insulina no pâncreas; causando assim dificuldades ao fígado de compor e manter os depósitos de glicogênio que é vital para o organismo, com isso acumulando no sangue açúcar, levando a hiperglicemia quer dizer, alto nível de glicose no sangue. Assim a eficiência das células fica reduzida para absorver aminoácidos e outros nutrientes necessários, necessitando do uso exógeno do hormônio de forma definitiva.
Em alguns pacientes, nos primeiros meses de doença pode não haver necessidade do uso de insulina, o que ocorrerá inexoravelmente dentro de alguns meses por destruição da reserva pancreática de insulina. No diabetes tipo 1, pode observar-se mais comumente o início abrupto da doença com quadro clinico exuberante. Estes indivíduos em geral são magros ou de peso normal é bastante instáveis, sendo difícil o controle metabólico da doença, podendo ocorrer quadros de cetoacidose diabética.
Diabetes mellitus gestacional
Diabetes mellitus gestacional é qualquer intolerância à glicose, de magnitude variável, com inicio ou diagnóstico durante a gestação. Não exclui a possibilidade de a condição existir antes da gravidez, mas ser reavaliadas quatro a seis semanas após o parto e reclassificadas como apresentando diabetes mellitus, glicemia de jejum alterada, tolerância à glicose diminuída ou normoglicemia. Na maioria dos casos há reversão para a tolerância normal após a gravidez, porém existe um risco de 17%-63% de desenvolvimento de diabetes mellitus tipo 2 dentro de 5-16 anos após o parto.
Cetoacidose diabética
A cetoacidose diabética é definida como uma disfunção metabólica grave causada pela deficiência relativa ou absoluta de insulina, associada ou não a uma maior atividade dos hormônios contra-reguladores (cortisol, catecolaminas, glucagon, hormônio do crescimento).
A cetoacidose caracteriza-se clinicamente por desidratação, respiração acidótica e alteração do sensório; e laboratorialmente por:
- Hiperglicemia (glicemia > 250 mg/dl);
- Acidose metabólica (pH < 7,3 ou bicarbonato sérico < 15 mEq/l);
- Cetonemia (cetonas totais > 3 mmol/l) e cetonúria.
Alguns pacientes podem estar em cetoacidose e ter uma glicemia normal caso tenham usado insulina pouco tempo antes de virem para a Unidade de Emergência. Outros podem ter glicemia > 250 mg/dl e não estarem em cetoacidose caso não preencham os demais requisitos para o seu diagnóstico.
Os fatores que habitualmente precipitam um episódio de cetoacidose diabética são:
- Sub-insulinização por omissão, redução da dose ou má administração da insulina (mais comum em adolescentes);
- Processos infecciosos (mais comum em pré-púberes);
- Transgressão alimentar;
- Problemas psicológicos, econômicos e sociais;
- Vômitos repetidos;
- Estresse cirúrgico;
- Gravidez;
- Síndrome de Münchausen.
A principio o paciente apresenta um quadro clínico semelhante ao inicio do diabetes com poliúra, polidipsia, polifagia, perda ponderal, astenia e desidratação leve. Com a maior elevação e maior duração da hiperglicemia, a polifagia é substituída por anorexia, surgem náuseas e vômitos, a desidratação se acentua, a respiração torna-se rápida e profunda (respiração de Kussmaul), aparece o hálito cetônico, o paciente torna-se irritado e pode ocorrer dor abdominal simulando o abdome agudo. O estágio mais grave é caracterizado por depressão do nível de consciência (confusão, torpor, coma), sinais de desidratação grave ou choque hipovolêmico, arritmia cardíaca e redução dos movimentos respiratórios quando o pH é < 6,9.
Em recém-nascidos e lactentes jovens o quadro clínico não é tão claro, podendo ser confundido com broncoespasmo, pneumonia, infecção urinária, dor abdominal e distúrbios neurológicos.
Nefropatia diabética
A nefropatia diabética vem adquirindo cada vez mais importância como causa de insuficiência renal no mundo ocidental. Em alguns países cerca de 30% dos pacientes que necessitam tratamento dialítico são portadores desta complicação que afeta uma grande proporção de indivíduos tanto diabéticos dependentes de insulina (diabéticos do tipoI) como não dependentes de insulina (diabéticos tipo II). Em estudo realizado no Estado de São Paulo, a nefropatia diabética situou-se como a terceira mais importante causa determinante de insuficiência renal crônica na Grande São Paulo. O diabetes esteve presente em 9% dos indivíduos renais crônicos, estando atrás da causa indeterminada (36%), da glomerulonefrite (26%) e da hipertensão arterial (17%).
Dos indivíduos que iniciaram diálise no ano de 1991, 11% eram diabéticos e a incidência anual foi calculada em 10.2 casos novos de insuficiência renal crônica por diabete por milhão de habitantes.
A nefropatia diabética se desenvolve em 35 a 45% dos pacientes com diabete tipo I e acomete uma proporção variável entre 6 e 20% daqueles com diabete do tipo II podendo nestes últimos atingir uma prevalência de 50%, na dependência do grupo étnico considerado. Além de evoluir para insuficiência renal, a nefropatia diabética se associa a alta mortalidade por doença cardiovascular, particularmente nos pacientes com diabete do tipo II. Até o momento, entretanto, não são totalmente conhecidos os motivos pelos quais apenas uma parte da população diabética desenvolve esta complicação, embora existam evidências da ocorrência de uma predisposição genética.
quinta-feira, 14 de junho de 2012
Neuropatia diabética periférica
A definição de neuropatia diabética periférica que melhor englobou a heterogeneidade da doença parece ser a que se descreve:
“Grupo de síndromes clínicas e subclínicas de etiologia, manifestação clínica e laboratoriais variadas, caracterizadas por dano difuso ou focal das fibras nervosas periféricas somáticas ou autonômicas, resultante do diabetes melito”.
Para fins práticos, como os do Guidelines para diagnóstico e condução ambulatorial da neuropatia diabética periférica, ela foi definida como:
“A presença de sintomas e/ou de sinais de disfunção dos nervos periféricos em pessoas com diabetes melito, após exclusão de outras causas”.
Retinopatia diabética
A retinopatia diabética é uma das causas mais comuns de cegueira no Reino Unido.
A causa principal desta doença é a diabetes. A retinopatia é a lesão dos pequenos vasos sanguíneos que nutrem a retina (os tecidos na parte traseira do olho que lidam com a luz).
Estas lesões aos vasos sanguíneos podem causar perda de sangue (hemorragia).
Outra característica da retinopatia diabética é que podem crescer novos vasos sanguíneos na superfície da retina. vasos esses que sangram facilmente. Existem três tipos de retinopatia diabética. A retinopatia de fundo é a que afecta a visão de forma menos séria, mas continua a precisar de ser monitorizada regularmente pelo médico de família ou especialista (oftalmologista). A retinopatia pré-proliferativa acontece quando a retina incha e vaza sangue, o que pode começar a obstruir a visão. Por fim, a retinopatia proliferativa acontece quando a pessoa começa a ter uma visão desfocada devido a um sangramento severo que normalmente causa a perda de visão.
Diabetes e Doença cardiovascular
A Doença cardiovascular é a complicação de maior morbimortalidade.
As doenças isquêmicas cardiovasculares são mais freqüentes e mais precoces em indivíduos com diabetes, comparativamente aos demais. Em mulheres com diabetes, o efeito protetor tipicamente reconhecido para o gênero feminino desaparece.
A sintomatologia das três grandes manifestações cardiovasculares – doença coronariana, doença cerebrovascular e doença vascular periférica – é em geral semelhante à de pacientes sem diabetes. Contudo, alguns pontos merecem destaque:
- Angina de peito e infarto do miocárdio podem ocorrer de forma atípica na apresentação e na caracterização da dor devida à presença de neuropatia autonômica cardíaca do diabetes.
- Manifestações cerebrais de hipoglicemia podem mimetizar ataques isquêmicos transitórios.
- A evolução pós infarto é pior nos pacientes com diabetes.
A prevenção e o tratamento da doença cardiovascular no diabetes seguem diretrizes semelhantes às para pessoas sem diabetes.
Prevenção da hipoglicemia
A forma mais segura de evitar um ataque hipoglicémico é através da verificação regular dos níveis de açúcar no sangue e do reconhecimento os sintomas que surgem antes do ataque.
Deve comer regularmente e não deve saltar refeições. Deve também evitar beber demasiado álcool, que pode baixar os valores de glicose no sangue. Os pais das crianças que têm diabetes tipo 1 normalmente reconhecem os sintomas de hipoglicemia rapidamente. No entanto, quando as crianças estão sozinhas, assegure-se de que trazem sempre consigo um pacote de sumo açucarado ou um chocolate, para o caso de sentirem os sintomas de hipoglicemia. Aconselha-se os diabéticos a trazerem consigo identificação que explique o seu problema, para que possam receber uma assistência rápida e eficaz.
Tratamento da hipoglicemia
O ataque hipoglicémico é raro em diabéticos tipo 2, pois estes controlam a doença através da alimentação. O tratamento imediato para fazer terminar o ataque é ingerir algum alimento ou bebida com açúcar, por exemplo um copo de sumo de fruta com açúcar, cubos de açúcar, chocolate, bolachas, uma mão-cheia de doces, comprimidos de glicose ou dextrose em gel. Ao ingerir algo doce, o açúcar será libertado para a corrente sanguínea, restituindo assim rapidamente o nível normal de açúcar do sangue. No entanto, assim que o nível de açúcar começar a voltar ao normal, deverá ingerir alimentos com alto teor de hidratos de carbono, que libertam açúcares de forma mais lenta, para estabilizar os níveis de açúcar no sangue.
Esses alimentos podem ser uma banana ou uma sandes, por exemplo. Se tiver diabetes tipo 1, deve trazer sempre consigo glicose em gel ou alimentos doces. Os diabéticos tipo 1 têm uma maior probabilidade de vir a ter um ataque hipoglicémico do que os diabéticos tipo 2.
Também podem usar-se injecções da hormona glucagina em caso de emergência, sobretudo se a pessoa não estiver consciente.
Diagnóstico da hipoglicemia
O ataque hipoglicémico pode ser confundido com a hiperglicémia, que ocorre quando os valores de açúcar no sangue são demasiado elevados. Se não tiver a certeza, dê sempre à pessoa um alimento açucarado, um chocolate ou um copo de sumo de laranja.
Desde que esteja totalmente consciente, não lhe fará mal. Existem sinais de alerta a que deve estar atento, tremores (instabilidade nos pés), suores, fome, formigueiro nos lábios, face pálida, palpitações cardíacas (batimento cardíaco irregular ou acelerado), sensação de confusão e irritabilidade. O médico de família pode verificar os seus valores de açúcar através de análises ao sangue.
Causas da hipoglicemia
A hipoglicemia é causada por baixos valores de glicose no sangue. Para os diabéticos tipo 1, para manterem o valor correcto de glicose no sangue devem equilibrar a quantidade de insulina que injectam com a quantidade de alimentos ingeridos. A maioria dos diabéticos tipo 2 gerem cuidadosamente a diabetes controlando a dieta, mas alguns também têm de tomar insulina e esses estão em risco de um ataque hipoglicémico. Em casos raros, a hipoglicemia pode ser causada por problemas no fígado, nos rins ou no sistema endócrino. A hipoglicemia também pode ser causada pela presença de um tumor avançado no organismo.
Sabe-se que a hipoglicemia pode ocorrer depois da ingestão de grandes quantidades de álcool, e em pessoas que tomam determinados medicamentos, como o quinino (malária), salicilatos (doenças reumáticas) e propranolol (tensão arterial alta).
Sintomas da hipoglicemia
Os sintomas da hipoglicemia podem ser dores de cabeça, confusão mental (o que pode incluir comportamentos agressivos), discurso pouco claro, comportamento anormal, perda de memória, entorpecimento, visão dupla, paralisia temporária e ataques. Se tiver um ataque de hipoglicemia, pode ainda sentir tremores, sensação de desmaio, palpitações e suores excessivos.
Por vezes a pessoa adopta um comportamento irracional e desordeiro que pode ser confundido com embriaguez.
Hipoglicemia
A hipoglicemia é uma doença que acontece quando a pessoa tem valores demasiado baixos de açúcar (glicose) no sangue. Normalmente surge em pessoas com diabetes tipo 1. Os valores baixos de glicose são perigosos porque o cérebro precisa de um fornecimento constante de glicose, sendo esta a sua única fonte de energia. A hipoglicemia geralmente surge em diabéticos que ou tomaram uma dose demasiado grande de medicamentos para a diabetes, ou saltaram uma refeição, ou beberam álcool de estômago vazio. Durante um ataque hipoglicémico a pessoa pode perder os sentidos, o que pode levar a lesões cerebrais por falta de oxigénio. Felizmente, a maioria das pessoas terá algum aviso de que os valores de glicose no sangue estão demasiado baixos, e por isso terão tempo de comer ou beber algo rico em hidratos de carbono.
Complicações do Diabetes
Existem várias complicações associadas a diabetes como:
Cegueira – Retinopatia diabética é a condição principal que leva pessoas entre 20 e 74 anos de idade à cegueira.
Doenças renais – Diabetes é a causa principal da nefropatia diabética, um estágio final da doença renal. Os diabéticos representam 40% dos novos casos desta doença.
Doenças dos nervos e amputações – Cerca de 60 a 70% das pessoas diabéticas sofrem danos moderados a graves nos nervos. As pessoas com danos graves muitas vezes têm que se submeter à amputação dos membros inferiores.
Problemas cardíacos e derrames – A probabilidade de um diabético sofrer derrame ou desenvolver problemas cardíacos é de duas a quatro vezes maior do que as outras pessoas.
Parto - Mulheres diabéticas correm um risco maior de:
- Dar à luz a uma criança com deformidades congênitas se não receberem cuidados apropriados antes da concepção;
- Dar à luz a uma criança obesa.
Prevenção do diabetes
Está bem demonstrado hoje que indivíduos em alto risco (com tolerância à glicose diminuída), podem prevenir, ou ao menos retardar, o aparecimento do diabetes tipo 2.
Em estudos efetuados, por exemplo, mudanças de estilo de vida reduziram 58% da incidência de diabetes em 3 anos. Essas mudanças visavam discreta redução de peso (5-10% do peso), manutenção do peso perdido, aumento da ingestão de fibras, restrição energética moderada, restrição de gorduras, especialmente as saturadas, e aumento de atividade física regular. Intervenções farmacológicas, por exemplo, alguns medicamentos utilizados no tratamento do diabetes, como a metformina, também foram eficazes, reduzindo em 31% a incidência de diabetes em 3 anos. Esse efeito foi mais acentuado em pacientes com IMC > 35 kg/m2.
Casos com alto risco de desenvolver diabetes, incluindo mulheres que tiveram diabetes gestacional, devem fazer investigação laboratorial periódica para avaliar sua regulação glicêmica.
Sintomas do diabetes
Os sintomas clássicos de diabetes são, poliúria, polidipsia, polifagia e perda involuntária de peso. Outros sintomas que levantam a suspeita clínica são, fadiga, fraqueza, letargia, prurido cutâneo e vulvar, balanopostite e infecções de repetição.
Algumas vezes o diagnóstico é feito a partir de complicações crônicas como neuropatia, retinopatia ou doença cardiovascular aterosclerótica.
Entretanto, o diabetes é assintomático em proporção significativa dos casos, pelo que a suspeita clínica ocorre então a partir de fatores de risco para o diabetes.
Diabetes mellitus
O diabetes mellitus não é uma única doença, mas um grupo heterogêneo de distúrbios metabólicos que apresentam em comum a hiperglicemia. Essa hiperglicemia é o resultado de defeitos na ação da insulina, na secreção de insulina ou em ambos.
A classificação atual do diabetes mellitus é baseada na etiologia e não no tipo de tratamento, portanto os termos diabetes mellitus insulinodependente e diabetes mellitus insulinoindependente devem ser eliminados. A classificação proposta pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pela Associação Americana de Diabetes (ADA) e aqui recomendada inclui quatro classes clínicas, nomeadamente diabetes mellitus tipo 1, diabetes mellitus tipo 2, outros tipos específicos de diabetes mellitus e diabetes mellitus gestacional.
O Diabetes Mellitus configura-se hoje como uma epidemia mundial, traduzindo em grande desafio para os sistemas de saúde de todo o mundo. O envelhecimento da população, a urbanização crescente e a adoção de estilos de vida pouco saudáveis como sedentarismo, dieta inadequada e obesidade são os grandes responsáveis pelo aumento da incidência e prevalência do diabetes em todo o mundo.
Segundo estimativas da Organização Mundial de Saúde, o número de portadores da doença em todo o mundo era de 177 milhões em 2000, com expectativa de alcançar 350 milhões de pessoas em 2025. Um indicador macroeconômico a ser considerado é que o diabetes cresce mais rapidamente em países pobres e em desenvolvimento e isso impacta de forma muito negativa devido à morbimortalidade precoce que atinge pessoas ainda em plena vida produtiva, onera a previdência social e contribui para a continuidade do ciclo vicioso da pobreza e da exclusão social.
No Brasil, o diabetes junto com a hipertensão arterial, é responsável pela primeira causa de mortalidade e de hospitalizações, de amputações de membros inferiores e representa ainda 62,1% dos diagnósticos primários em pacientes com insuficiência renal crônica submetidos à diálise. É importante observar que já existem informações e evidências científicas suficientes para prevenir e/ou retardar o aparecimento do diabetes e de suas complicações e que pessoas e comunidades progressivamente têm acesso a esses cuidados.
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